quarta-feira, 13 de julho de 2011

Artigo - Expressão Corporal 1 - por Gabriela Neves Guimarães

Na disciplina de expressão corporal 1 foi onde ficou mais orgânico os elementos aprendido em consciência corporal, ou seja, já era mais fácil achar meu eixo, o enrolar e desenrolar da coluna era mais automático eu não tinha que pensar para que acontecesse e foi onde eu tive mais noção das minha articulações aonde que cada uma era e que eu tenho essas já que primeiro pensamento que temos do nosso corpo é que ele é todo colado, uníssono.
Gostei de ter tido aulas em que a gente retomava uma partitura de movimentos para estudá-los no nosso corpo e como podíamos fazer diferente, prestando atençao em cada dia prestando atençao em uma parte do corpo diferente. Essa percepçao maior do corpo pode ser vista na ultima aula na qual desenhamos nosso esqueleto e que em geral estaava bem mais organizado do que o esqueleto que desenhamos no primeiro dia. A area do quadril estava mais organizada, as articulações estavam mais bem definidas como a do femur por exemplo.               O texto "Desenhar o Gesto" reafirmou que as nossas aulas de expressão são favoráveis para que primeiro reconheçamos nosso corpo para depois trabalhar com ele, tanto os músculos para que reconheçamos nossas proporções corporais, quanto a pele para que tenhamos o maior registro de sensações que são um fator favorável para reconhecermos o ambiente em que estamos e tentar um novo repertorio de ações.               Foi bem proveitoso as aulas as quis focamos nos reis e nas suas características. Na priemeira aula que pensamos no rei eu explorei mais o plano medio e baixo, foram os planos os quais eu mais me senti confortavel mas vi que ainda tinha muito o q explorar neles também, então defini uma caracteristica, asqueroso, pro meu rei pela minha priemeira movimentação. Depois nas outras aulas fui pensando Há também a preocupação de exercitar sempre os dois lados do corpo igualmente, já que o alongamento dos músculos, como a própria palavra diz, alonga e desenvolve as partes exercitadas, como um dos exercício sugere "Depois de realizar as seqüências anteriores até a extensão do braço e da perna esquerda, leve o antebraço esquerdo ao chão, gerando uma leve torção e ampliando a mobilidade da articulação coxo-femural." Relaciono essa propriedade do alongamento com as nossas aulas de expressão corporal, já que é comentado e visível, que o alongamento é possível ser percebido fisicamente, já que pernas e braços desproporcionais, quando exercitados, diminuem essa desproporção. Discutimos até que cotidianamente sofremos essa desproporção por utilizarmos mais um lado do corpo do que o outro, como usar a bolsa só de um lado ou chutar a bola só com um determinado pé, entre outros; e a percepção desses desajustes cotidianos é o primeiro passo para podermos tomar iniciativas para diminuirmos esse "efeito natural" do tempo.
            O texto desenvolve uma perspectiva das linhas musculares apontando que depois de qualquer exercício com o tronco, quando ele volta para vertical às linhas musculares dele devem restabelecer, sendo que esse proporciona equilíbrio entre as paredes anterior e posterior.
            Em todos os exercícios as figuras mostram movimentos e alongamentos que promovem curvas no corpo dando a impressão de leveza do movimento e mantém as proporções do corpo, "Observe que a posição das mãos sugere uma forma esférica, que ajuda a manter a largura dos ombros, necessária para manutenção dos espaços e volumes."
           Todo esse trabalho de desenhar o gesto foi possível ver nos vídeos que a Nina trouxe para gente, aonde vimos três pessoas dançarem o mesmo estilo de dança. O primeiro homem fazia movimentos rápidos e lentos, jogados, com impulsos e pulos explorando mais seus equilíbrios assim desenhando menos o gesto; já a mulher, mantinha por mais tempo uma velocidade mediana, onde controlava mais seu gesto, o olhar dela era mais focado no seu movimento, ela criava uma topografia mais visível; o terceiro dançarino manteve uma velocidade lenta onde podíamos ver mais minuciosamente o gesto, e com essa velocidade observei que ele exigia um controle maior do que os outros, uma precisão maior e o efeito do vídeo mostravam o desenho que ele fazia com o corpo, mas quando tiravam o efeito continuávamos vendo esse desenho só com a sua movimentação.

sábado, 9 de julho de 2011

Artigo - Expressão Corporal 1 pela aluna: Renata Barroso Paixão

As aulas de expressão corporal I foi algo que me surpreendeu durante esse semestre, não imaginava como ia vir a ser, mas também não sabia que ia ser do jeito que foi. Fizemos aquecimentos, alongamentos, exercícios corporais, exercícios de respiração junto com a movimentação do corpo, usando os espaços da sala e entre outros. Mas com uma finalidade, a expressão corporal.
Ministrada pela professora Renata Meira e com a ajuda da aluna de mestrado da Renata Vanessa e a coreógrafa do curso de teatro Ana Carolina, nossas aulas iam acontecendo através de ‘brincadeiras’, partíamos de movimentações feitas por nós mesmo e texto, fazíamos aquilo corporalmente, e assim ia saindo as expressões corporais.
No decorrer do processo lemos alguns fragmentos, páginas de livros sobre corpo e movimento que me ajudaram a ter um melhor entendimento sobre o que estávamos vendo e fazendo dentro da sala de aula, entre eles “Domínio do Movimento” de Rudolf Laban que explica as verias formas de comunicação com o corpo, sem o uso da palavra, podemos nos expressar e nos comunicar, que para alguns é extremamente fácil. Para que isso aconteça Laban descreve alguns elementos que faz com que o ator/dançarino tenha um melhor domínio, que são: Pressão, leveza, sacudir, sustentar, torcer, pontuar, socar, ter flexibilidade, recolher, espalhar, etc. Já que citei a palavra ‘domínio’ não posso deixar de falar de outro texto que foi lido também, é “Desenhar o gesto” de Ivaldo Bertazzo e Andréa Amaral Cartillo, que foi um texto com pouca escrita e muitas figuras demonstrando como esses movimentos que estávamos estudando. Textos diferentes, com comunicações diferentes e autores diferentes, porém com uma relação muito grande, pois Laban escreve como deve ser e Ivaldo e Andréia coloca de forma visível como é. Para ter uma melhor visão disso tudo, acho que o exercício que fizemos dentro da sala numa determinada aula me ajudou a ter um melhor entendimento foi no dia em que a professora Renata fez um aquecimento com os exercícios do livro de Ivaldo e Andréia e em seguida distribuiu alguns balões e deveríamos trabalhar com ele corporalmente. Assim, foi necessário usar as ‘instruções’ de Laban, sustentabilidade corporal, leveza, firmeza e flutuação. O deslizar foi um elemento que me chamou uma atenção maior, pois é leve, mas ao mesmo tempo necessita de uma força interna pra ser sustentado, todo esse cuidado para que o balão não estourasse e assim conseguíssemos colocar o corpo como Laban nos dizia.
No final de todas as aulas apresentávamos uma seqüência de movimentos que tíamos feito durante a aula do dia ou continuação da ultima aula, isso nos ajudava no desenvolvimento do movimento e, acredito eu que outro fato que ajudou toda a turma de ter uma melhor visão de como ela estava se saindo durante as aulas, foi o fato de darmos uma única palavra a cada aluno.
Foi um semestre com um processo muito interessante que me possibilitou várias descobertas do corpo que na matéria de ‘Consciência corporal’ ainda ficava algumas dúvidas e que só agora descobri o porque de algumas coisas.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Movimento primeiro origem de um personagem
Deivid Ferreira Santana

Este presente artigo é resultado da prática da disciplina Expressão Corporal I do Curso de Teatro, da Universidade Federal de Uberlândia. E pretende tratar do assunto da criação de personagem a partir de um movimento primeiro, ou seja, quando de um simples movimento e/ou ação se cria um personagem.

Na minha prática durante a disciplina, tivemos a criação de um personagem, um rei, cada aluno teve subsídios para criar o seu; a criação deste se deu em várias aulas, que a cada vez trabalhávamos algo diferente, sempre partindo das intenções e de como agiria esse rei, partindo da maneira de pensar dele e não do seu modo, pois assim, cristalizaríamos um tipo, o que não era a proposta. Nesse ponto, cria-se um distanciamento, do ator com suas atitudes/ações, deixando de ser ele o agente da situação, tornando-se espectador do seu próprio fazer.

Ele nasceu por meio de improvisações durante a minha prática. Essas se deram, por meio de conduções, que foram feitas após alguns exercícios direcionados, que também contribuíram muito para o desabrochar desse rei, como o da sensibilização da pele feita com bexigas de ar, onde usamos a pressão, o flutuar e o deslisar, todos, conceitos pesquisados por Rudolf Laban, que estão registrados no livro “Domínio do Movimento”. Também usamos uma outra qualidade de movimento,que é a suspensão do peso. Logo após a realização desse, usamos esses princípios com esse rei que criamos, em uma improvisação, que aplicávamos tudo para dar uma nova “cara” ao personagem ou até mesmo, para descobrirmos novas características. Trabalhamos com e sem a bexiga, para que consigamos trazer essas informações, “estranhas”, ou seja, diferentes, para nosso corpo, assim, fazendo com que elas se tronem, totalmente, orgânicas. Essa foi uma aula muito importante para entender essa criação deste, que era lentamente modelado por mim, característica por característica, que se dava aula por aula; foi importante, também, porque nela descobri que estava cristalizando um tipo físico e não trazendo para meu corpo outra maneira de me relacionar com o mundo. No final da aula foi pedido a todos que construíssemos uma improvisação corporal, previamente estabelecida, ou seja, que tivesse movimentos estruturados em uma sequência; e ao termino de cada apresentação, para a turma, todos da mesma, dizia uma palavra que para ele, caracterizava o que acabará de ver, quase todas as que disseram, da minha composição, foram mecânico, robótico ou enrijecido, com isso, me atentei que estava fazendo o contrário do que tinha sido estabelecido. Nesse instante, passei a procurar formas de “trazer” esse rei para o meu corpo sem fazer com que se torne um tipo físico engessado.

Deixando a contextualização de lado, volto ao assunto principal, que é a construção de personagens partindo de uma movimentação. Esse meu rei, surgiu de um exercício de sala, que consistia em uma simples caminhada de olhos semiabertos, onde devíamos nos imaginar em uma estrada loga e sem fim, onde caminhávamos, corporalmente, como caminharíamos nessa, em uma situação real, trazendo textura, temperatura e a forma de pisar (exemplo: se fosse feita de tijolos, como seria caminhar neles?). Nessa caminhada, deveríamos avistar no fim uma pessoa que queríamos muito encontrar. Quando chegássemos a essa tal pessoa, tínhamos que “entrar” dentro dela, a partir daí caminhar com essa caminharia, até chegar ao palácio deste e fazer alguma ação que essa quisesse, a partir daí nos foi dito que eramos reis e que este lugar que estávamos era nosso trono. Eu imaginei uma estrada suspensa acima das nuvens e ela possuía várias curvas. A pessoa que imaginei não era real, não tinha rosto e trazia traços de um velho oriental. E o palácio trazia, também, esses mesmos traços. Foi por esse motivo, que enrijeci a coluna, me prendendo a uma forma já criada.

Com isso, posso dizer que é possível e totalmente crível, que se possa criar um personagem través de uma movimentação ou ação, mas há o perigo de conceber uma forma e se ater a ela sem que deixe, em aberto, a possibilidade de surgirem novos “corpos” para esse, ou seja, novas formas de movimentação, tornando tudo mecânico, sem organicidade.

Outro exemplo dessa forma de criação é, minha outra experiência de construção de um tipo, “Fragmentos de Um Bonde Chamado Desejo”, realizado com resultado da disciplina de Interpretação/Atuação I, onde tive que criar Stanley Kowalski, só foi possível criá-lo quando parti de um movimento de báscula do quadril, como ele trazia muito aflorado a sua sexualidade viril e ativa, tive que procurar uma maneira de ativar essa característica no meu corpo, então comecei com uma simples basculação, que para poder se locomover o quadril que o puxava. Assim, mais uma vez afirmo é fato que um movimento pode trazer qualidade e característica de uma personalidade. A partir dessa constatação, faço uma analogia com o texto de Laban, já mencionado anteriormente, nos seus dizeres, afirma:

“O homem, por via daqueles silenciosos movimentos, cheios de emoção, poderá executar movimentos estranhos que parecem sem significação, ou, pelo menos, aparentemente inexplicáveis. O curioso, contudo, é que ele se move de acordo com as mesmas ações por ele empregadas para serrear, carregar, consertar, amontoar ou fazer qualquer demais operações cotidianas; tais ações, porém, surgem em sequências específicas dotadas de ritmos e formas próprias. As palavras que exprimem sentimentos, sensações, emoções ou certos estados espirituais e mentais não são capazes de fazer mais do que arranhar de leve a superfície das respostas interiores que as formas e ritmos das ações corporais tem condições de evocar. O movimento, em sua brevidade, pode dizer muito mais do que páginas e páginas de descrições verbais.

Entretanto, os movimentos podem ser denominados e descritos e as pessoas que conseguem ler tais descrições e reproduzi-las podem chegar a perceber os estados de espírito por eles expressos. Os movimentos isolados são evidentemente apenas semelhantes às palavras ou às letras de uma língua, não dando nenhuma impressão definida, nem tampouco um fluir coerente de ideias... As sequências de movimento são como as sentenças da fala, as reais portadoras das mensagens emergentes do mundo do silêncio.

(…)

O artista de palco tem que exibir movimentos que caracterizam a conduta e o crescimento de uma personalidade humana, numa variedade de situações em mudança. Ele deve saber como é que se espelham nos gestos, na voz e na fala tanto a personalidade quanto o caráter. Ao utilizar-se desses movimentos, tem ele que comunicar para a plateia as ideias do dramaturgo ou coreógrafo. Tem que saber como entrar em contato com o espectador.” (1978, pp 141 e 143)

O que quero expressar com essa citação é que a partir de um movimento pode-se expressar atitudes, sentimentos etc., ou seja, você sente depois externaliza com o movimento, assim pode-se muito bem fazer o caminho contrário, fazer o movimento e depois criar o sentimento, com isso, criará uma personalidade, assim, formando um personagem.

Um fato curioso é que na observação dos meus movimentos, que tenham intenções, consigo identificá-los nos outros, prevendo assim, suas ações. Creio que esse, também, é um caminha para criar uma identidade, ou seja, por meio do mapeamento e observação dos movimentos provindos de si para poder criar, um ser outro, já sabendo que ação irá fazer e com que intenção irá trazê-la.

Para concluir, trago mais uma experiência que tivemos em sala de aula, que é o exercício de pressão e flutuação, que por meio do toque com pressão, a pessoa tocada tinha que ir contra o toque e fazendo força e por meio do sopro, a pessoa tocada tinha que ir, a favor do sopro, leve. Esse ajudou muitos, inclusive eu, a definir a personalidade do rei, por meio de embate ou de danças, assim meu rei se tornou o Rei da Dança ou Rei Bailarino, aquele que dançava com os inimigos, pelos simples fato de que quando eu fazia pressão ou era pressionado, me utilizava de contato improvisação, que consiste em movimentações onde utiliza-se o outro de apoio. Assim cada movimento pode construir ou somar personalidades aos personagens.

Deixo claro, que essa é apenas uma das possibilidades de criação e que existem outras formas. Essa forma foi retirada de práticas indivíduas que tive em duas disciplinas, nessas experienciei um método de construção interior de formação de personalidade sem partir da construção de um tipo fixo, assim, mostrando que é um modo válido e prático, onde se pode fazer várias descobertas de um outro e de si mesmo, para tornar orgânico,em seu corpo, alguém que não é e nem se pareça contigo.

BIBLIOGRAFIA

LABAN, Rudolf. Domínio do Movimento. São Paulo: Sammus, 1978.

Caderno do Nós

29/03/2011 5º Encontro

· Começamos a aula com um alongamento básico, a partir daí fomos passando a fazer um outro alongamento que consistia em esticar ao máximo o corpo e quando não mais conseguir esticá-lo, não voltava para trás, tínhamos que ir sempre para frente. Depois tínhamos que nos movimentar seguindo essas regras, que eram alongar ao máximo sempre indo para frente e fazendo sempre uma torção no corpo.

· Com isso, organizamo-nos em uma fila, com formato de infinito. Assim, todos continuavam fazendo o que fazíamos no exercício anterior, mas com acréscimo de seguir a fila e seu fluxo, passando pelo oito que se formava.

· Aos poucos acrescentou-se músicas para que seguíssemos o ritmo das mesmas.

· O outro exercícios que fizemos foi, o das várias formas, de enraizamento dos pés no solo, ou seja, mover o corpo sem tirar os pés do chão ou manter o pé firme (ou bem plantado) no solo, para a execução de saltos, giros ou formas corporais com equilíbrio precário.

· A aula terminou mais cedo, neste dia para que fossemos a manifestação do Teatro Grande Otelo, para garantir que ele não seja demolido.

Deivid

artigo "Espressão Corporal I": Leitura Corporal e a analise das energias - por Tatiane Oliveira

 
Para mim, falar em Expressão Corporal é falar primeiramente em leitura corporal e conseqüentemente falar em sistema de energias.
Acredito que todo trabalho necessita da entrega e da disponibilidade do indivíduo e são estes que vão definir a energia que o trabalho trará em si, logo isso afetará diretamente na leitura corporal de quem está assistindo.
Ao cursar a disciplina de "Expressão Corporal I" durante este semestre, eu pude compreender de maneira mais plena, algumas coisas que não ficaram claras para mim no semestre passado na disciplina de "Consciência Corporal".
Para mim, o corpo é um universo, amplo, completo e sendo este a ferramenta principal do trabalho de ator, é preciso um cuidado e um respeito ainda maiores do que o que se deve ter no cotidiano e nas outras profissões.
Assistindo a um debate após uma leitura dramática, eu ouvi a seguinte frase: "Teatro é uma coisa de energia. E nós que estamos na platéia devemos nos atentar sobre que tipo de energia estamos passando pra quem está no palco...". E isso me despertou inúmeras dúvidas como: Não seria o contrário? Quem está com a bola não é quem está no palco? Não é o espetáculo que vai condicionar a minha energia, e conseqüentemente o tipo de energia eu mandarei de volta?
Lembrei então de um episódio ocorrido no momento de conversa após a uma aula ritual que fizemos, em que eu relevei meu receio de me por à prova, disponível a uma limpeza por parte de outras pessoas, uma vez que não sei qual o tipo de energia está sendo mandada para mim. Então a professora Nina me respondeu com a seguinte frase: "Mas cabe a você filtrar, seja lá qual for o tipo de energia está sendo mandada pra você".
Então concluí que o que há de verdade é uma troca de energias. O espetáculo já traz em si uma informação, uma qualidade de energia, seja na dramaturgia, na interpretação, na sonoplastia, ou no próprio cenário. E assim a platéia responde.
Inicialmente, nas primeiras aulas, eu me perguntei inúmeras vezes: Mas como isso vai me ajudar no teatro? Quando e como eu poderei usar isso?
Só depois é que eu pude compreender, que assim como com toda ferramenta é necessário aprender a manusear o corpo e assim administrar o que podemos fazer, quando munidos de uma boa quantidade de material corporal. E é só através da prática, da experimentação é que se pode adquirir tal material.
Ao começar a trabalhar com o universo do rei, comecei a me atentar quanto a que tipo de rei eu queria corporificar e principalmente em sair daquele registro tipificado de rei, sair da zona de conforto. Era preciso pensar em tudo, em como esse rei anda, respira, se comunica, etc.
Mas o mais interessante era ver após a prática, no debate, como esse rei era visto por quem estava do lado de fora. E principalmente sentir a divergência entre a leitura que era feita e o que eu tinha tencionado representar.
É importante ressaltar que inúmeras coisas eram feitas inconscientemente, e um dos maiores desafios para todos é fazer com que tais coisas sejam conscientes, para que assim possam ser trabalhadas. Afinal, como eu posso contar com algo que nem eu mesma soube que pratiquei?
Não é que essa "inconsciência" seja negativa, muito pelo contrário, eu vejo que tal inconsciência evidencia a entrega da pessoa e muitas vezes isso é marcado até mesmo pelo uso dos olhos fechados. E é nessa entrega que realizamos coisas incríveis.
O fato é que em teatro, se o ator não possui ferramentas, não é uma câmera ou um foco que vai resolver a situação. É minha missão tentar fazer com que vejam um rei. E cabe a mim, com minha leitura corporal, ajudar a platéia a identificar determinados códigos.
Não digo que eu devo moldar a leitura do espectador, nem que ele deve ver aquilo que eu vejo, mas é necessária uma lógica, algo que ajude a delinear a linha de pensamento.
Como o corpo do ator é uma ferramenta, infelizmente estamos sujeitos a inúmeros fatores internos e externos que podem comprometer determinado trabalho, seja de maneira positiva ou negativa. E cabe ao ator, canalizar esta energia que está predominando e utilizá-la a favor do que está sendo feito.
Não digo que seja fácil trabalhar em um dia que você não está bem, mas eu procuro pensar: Como eu posso usar esse desconforto, esse incômodo a favor do meu trabalho?
São perguntas que eu mesma não sei responder, mas que ao longo do tempo vão ganhando respostas, assim como muitas coisas que não tinham significado pra mim foram ganhá-lo só agora.
Expressar-se bem através do corpo no teatro é com certeza uma missão árdua e que requer muita disciplina. Mas no cotidiano, tal expressão é constantemente usada de forma automática.
O seu corpo carrega a sua história, a sua vivência, e isso deixa marcas que revelam quem você é, basta saber ler.

Caderno do Nós do dia 30/05 – Expressão Corporal 1 - por Tatiane e Matheus

No dia 30/05, realizamos o que a professora denominou de "Aula Ritual".
Entramos na sala já eram quase dez horas, pois era necessária a presença de todos na sala, e todos só poderiam entrar juntos. Uma vez fechada a porta, não era permitida a entrada de mais ninguém.
Assim que entramos, nos deparamos com a sala toda preparada e a reação inicial foi de estranhamento. Então a professora explicou o que aconteceria, as etapas pelas quais passaríamos e o que deveria ser feito.
Havia um texto escrito no quadro, e nós o lemos até que o decorássemos:
"Por isso minha voz esconde outra
Que em suas dobras desenvolve outra
Onde em forma de som perdeu-se o canto
Que eu sei onde, mas não ouço ouvir."
Decorado o texto, fomos aprender o trecho de uma canção:
"Lavadeira do rio, tu me ensina a lavar
Na beira do riacho, debaixo do tabocá..."
Memorizados texto e canção, começamos a fazer o ritual de limpeza, em que todos ficavam em roda ao redor de um círculo de objetos (bolas, pelúcias, buchas, escovas, toalha, etc.), uma pessoa ficava no meio, e quem estava em volta passava esses objetos na pessoa, limpando-a, conciliando a fala do texto e o canto do trecho.
Após a limpeza ser feita em todos, havia a chamada "passagem por cima" em que deveríamos passar por cima das bolas de pilates, que se encontravam em um espaço delimitado.
Feita essa passagem, nos deitamos no chão (de bruços) lado a lado, formando um corredor, e assim efetuaríamos a chamada "passagem por baixo" em que, uma pessoa de cada vez deveria passar por baixo (região do abdome) de todas as pessoas que formavam esse corredor, como se fosse um nascimento. E a fala do texto não parava.
Após o nascimento, a Renata disse as características do rei de cada um e assim deveríamos ocupar um dos espaços demarcados no chão. Ali eram os reinos, e o meio, onde não era delimitado, deveria funcionar como um espaço arenoso, movediço.
Assim começamos cada um a despertar seu rei e agir de acordo com a fluência das situações.
Qualquer um, em qualquer momento, poderia sair, observar e narrar o que estava acontecendo. O mesmo estava sendo feito pelas professoras: Renata, Nina e Vanessa, que ficaram o tempo todo observando.
Posteriormente tivemos a roda de conversa, debatemos, a Renata deu um retorno individual e encerramos a aula.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

artigo - Corpo sensorial e noções de totalidade - por Gabriela Ananda




       Quando estudamos nosso corpo, na escola, vimos isso de forma fragmentada, como se não houvesse uma totalidade. Da mesma forma quando começamos as disciplinas de consciência corporal, apreendemos os vetores, primeiro dos pés, depois pernas e assim por diante.
        Quando na disciplina de expressão corporal nos pediram que fizéssemos um rei e pensássemos nosso corpo como um todo, foi extremamente difícil, primeiro porque pensávamos apenas em como seria o caminhar do nosso rei e esquecíamos as demais partes do nosso corpo.
        Fizemos a leitura de alguns textos e eles conversavam entre si, todos falavam da percepção do corpo do ator. Em um deles o autor falava da totalidade do que se pensa, sente e de como se age, o que me levou a refletir em como deixar de ver o corpo por fragmentos, como pensar no meu corpo como um todo?
        Com o trabalho em aula percebi que comecei a ver meu corpo de forma menos fracionada, o trabalho físico junto com o afetivo ajudou-me a perceber minhas próprias limitações. Outra atividade que também facilitou a percepção foi o trabalho com a pele, que trouxe um novo registro de sensações, além de ter auxiliado no desenvolvimento da aula, meu corpo ficou mais sensível, e as informações dadas foram absorvidas facilmente.
        Em uma das aulas comentei com a professora que percebi que tinha ficado na minha zona de conforto, então ela me disse que era importante eu ter essa percepção e estar aberta para novas experiências.
        Claro que vários são os fatores que influenciam na percepção do corpo, a historia individual, nos traz marcas na postura, no modo como andamos, como então ter consciência dessas marcas e poder modifica-las ou então apropriar-se delas de forma que na cena elas possam ser utilizadas?
        O ator deve ser capaz de observar sua movimentação e a de seus companheiros, mas como deixar de prestar a atenção apenas no meu corpo?
        O olhar tem grande importância para ajustar o corpo no horizonte, auxilia na percepção de si e do outro, o conhecimento do espaço é outro fator muito importante. Com a alteração do alinhamento habitual é possível buscar novas possibilidades de modificar a qualidade do movimento.
Para melhor compreender o corpo e ter maior percepção é necessário quebrar os hábitos, ampliar a sensorialidade e depois procurar se expressar melhor.
Então descobrimos que o nosso corpo tem diversas formas de se expressar. Como diferenciar os diferentes tipos de fala corporal no meu corpo?
  Com a repetição é possível aperfeiçoar a expressividade do corpo, ganhar organicidade e  ritmo.