sábado, 14 de maio de 2011

Caderno do Nós – 10/05/2011

Começamos a aula massageando os pés com bolinhas de borracha: abrindo espaço entre as articulações e procurando pontos de tensão. Ao passo que trabalhávamos um dos pés deixávamos a bolinha e caminhávamos verificando a diferença de um pé trabalhado e o outro não; como o tato, as articulações, os músculos e os ossos reagiam ao trabalho. Continuamos a massagem subindo pela panturrilha, primeiro na perna direita depois na esquerda. A intenção da pesquisa era a mesma. Renata nos advertiu quanto à intensidade da pressão da bolinha contra a parte interna do joelho por se tratar de uma área sensível. Seguimos para a coxa e em seguida nos glúteos com duas bolinhas primeiro na frente dos ísquios depois atrás deles.

Agora deitados colocamos duas bolinhas na base do sacro e percebemos como nosso corpo reagia. Seguindo com as bolinhas na cintura pélvica, um pouco abaixo das costelas, na ponta inferior das escápulas e na ponta superior deixando-as sair pelos ombros. É perceptível como a posição da nossa coluna e nossos apoios variam de acordo com a posição da bolinha.
Nesse momento recolhemos as pernas apoiando os pés no chão e desenhamos o oito deitado (∞ - símbolo do infinito) com movimentos que partiam da base o cóccix – como se tivéssemos um lápis na ponta do cóccix. Em primeiro momento investigamos essa movimentação sem sair do chão, em velocidade e dimensões variadas. Após isso começamos uma busca de impulsos que, partindo do quadril, nos fizesse levantar e deslocarmos no espaço. Até por fim chegarmos ao nível alto. Caminhamos um pouco para soltar as tensões.

Em duplas e com um longo tecido listrado de preto e branco: enquanto um tentava caminhar centralizando seu impulso de deslocamento no centro de força e gravidade o outro o impedia tendo envolvido o companheiro com o tecido pela cintura (passando pelos ísquios) e segurando nas extremidades, ambos na base e procurando manter-se no eixo. O que segura o tecido exerce certa resistência para dificultar o deslocamento do parceiro, enquanto que este se esforça para deslocar-se para frente. Com certo tempo de trabalho o que está atrás vai exercendo cada vez menos força até que não exista resistência para que ambos possam observar as diferenças do caminhar.

>>>> Exercício com música: Começando desta vez de pé, iniciamos uma pesquisa que envolvia as possibilidades de movimento do quadril; como se encaixa e desencaixa, pra que lado ele vai, como podemos inserir as qualidades de movimento nos movimentos dessa região, como fazer reverberar em todo o corpo e como fazê-lo deslocar-se partindo de impulsos deste local. Este exercício foi proposto com música e, como toda investigação corporal, repleto de esforço e suor. Através dos comandos da Renata estes movimentos agora contariam histórias, histórias contadas pelo corpo; e agora estas histórias seriam contadas por nossos reis. E como contariam os nossos reis essas histórias? Deixar o movimento nos levar seria o caminho mais interessante a seguir.

Deveríamos então criar uma partitura corporal que contasse esta história. Selecionando alguns trechos de movimento e observando-os bem onde começam, seus deslocamentos, seus trajetos, onde terminam e quais suas qualidades tínhamos aí um ótimo resultado a ser apresentado.

Apresentamos a partitura por duplas. Cada um que estivesse assistindo deveria dizer uma palavra que melhor lhe definisse a apresentação do outro. Cada apresentação assim como cada palavra foi singular. Algumas surpreendentes para alguns que apresentavam e outras encaixava completamente com os sentimentos impressos nos movimentos de outros.

Apresentações realizadas e palavras ditas, fomos para a conversa de fim de aula.

No bate-papo foi discutido e exposto nossas impressões e sensações dos experimentos da aula de hoje. Com relação à parte da bolinha de borracha foi dito o quanto o corpo fica mais sensível e disposto depois de trabalhado. Com relação aos movimentos que partissem do quadril foi dito o quanto era minucioso o estudo pelas imensas possibilidades de movimentações e suas reverberações. Já e parte da partitura corporal gerou um pouco mais de polêmica na exposição do que significava para si as palavras ditas pelos colegas sobre o seu trabalho. Alguns disseram que servia como uma forma de avaliação, já outros disseram quanto à ressignificação do entendimento do que é assistido. Isso nos levou para a discussão da forma de experimentação e criação utilizada pelos alunos; se eram através do raciocínio lógico de como e quais movimentos realizar ou da observação dos movimentos que partem do corpo e que a partir daí são vistos pelo olhar lógico de organização e precisão de movimentação.

Ambos os pontos de vista foram fervorosamente apontados e defendidos. Por fim e por intervenção e orientação da Renata ficamos no balanceamento de ambos para que possamos deixar o corpo livre pra experimentação e para afinarmos a precisão e intenção dos movimentos.

Concluindo a aula a Renata nos relembrou/ensinou a escala de crescimento dos elementos que formam o movimento a partir dos conceitos de Rudolf Laban:

Espaço: Direto................. Indireto/Flexível
Tempo: Lento/Sustentado.................Rápido
Peso: Leve.................Forte/Firme


Despedimo-nos e fomos embora.